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Espaço Athena: Conheça um dos projetos do professor de História, Marco Aurélio

Espaço Athena: Conheça um dos projetos do professor de História, Marco Aurélio

Os professores compõem um dos pilares mais importantes do Colégio Santa Amália, realizando trabalhos espetaculares dentro e fora do Colégio. Pensando em compartilhar com a comunidade escolar estes projetos, criamos o “Espaço Athena”, uma serie de entrevistas realizadas com os professores sobre seus projetos e conquistas. Para começar, conversamos com o professor de História Marco Aurélio dos Santos, que leciona na unidade Saúde do Colégio Santa Amália, sobre o seu artigo utilizado no ENEM 2020, fruto de seu trabalho de pós-doutorado. Confira:

“No ENEM 2020, uma questão da prova de Ciências Humanas usava um artigo de minha autoria intitulado “Migrações e trabalho sob contrato no século XIX”. Este artigo foi publicado numa das mais importantes revistas de História, a Revista “História (São Paulo)” da UNESP. Isto reflete o reconhecimento do meu trabalho como pesquisador. Também no livro didático “História: sociedade & cidadania – 8° ANO” de autoria de Alfredo Boulos Junior (Editora FTD), é possível ler, no capítulo sobre Revolução Industrial, o mesmo artigo citado no ENEM.

 Em primeiro lugar, isso é uma grande satisfação, pois entendo que o conhecimento acadêmico deve ser cada vez mais divulgado. A ligação entre a Academia e a educação básica deve ser mais próxima e profícua. Ainda tem muito a ser feito. Os livros didáticos na área de História estão desatualizados.

 O artigo em questão foi resultado de minha pesquisa de pós-doutorado em História, feito na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo entre os anos de 2016 e 2018. É o meu texto mais citado e eu considero um dos melhores textos que eu escrevi.

 A história deste artigo é a seguinte: no doutorado, sempre me deparei com a presença de chineses em processos criminais e inventários no município escravista de Bananal, localizado no Vale do Paraíba paulista. Em toda a pesquisa, nunca prestei muita atenção nesses chineses. Quando finalizei meu doutorado (abril de 2014), comecei a ler com atenção esses processos criminais. Alguns deles continham o depoimento de chineses e, ao final, a assinatura em caracteres chineses. Procurei, então, entender a presença de uma comunidade de chineses num município identificado com a produção cafeeira e com a mão de obra escrava.

 A leitura dos processos criminais e inventários e a busca por uma bibliografia que desse suporte explicativo para essa presença permitiram que eu descortinasse uma complexa realidade envolvendo as migrações internacionais no século XIX, o fenômeno do trabalho sob contrato e a exploração de uma mão de obra de origem asiática (os cules) que sempre crescia.

 Foi do meu doutorado que tive a ideia de fazer a pesquisa sobre migrações internacionais. Acertei em cheio, pois o tema era inovador.

 A pesquisa foi aceita pelo professor João Paulo Garrido Pimenta, do Departamento de História. A realidade complexa das migrações internacionais (analisadas, no referido artigo, até o momento do início da Primeira Guerra Mundial), me fez estudar, de modo mais cuidadoso, a história da China no século XIX, em particular, e da Ásia, de modo geral. Travei, durante o estágio pós-doutoral, algumas conversas com o professor Shu Changsheng, do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) a respeito da China e da história chinesa no século XIX. O “pós-doc”, como alguns se referem, foi tão produtivo que participei de seminários internacionais e publiquei mais cinco artigos, três deles em inglês

 O artigo pode ser baixado em PDF clicando aqui.

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