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Reflexão: Combater o racismo deve ser uma luta de todos

Reflexão: Combater o racismo deve ser uma luta de todos

Sou Édina dos Santos Rosa, filha de José Antônio dos Santos (in memoriam), Eva dos Santos, Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Ângela Davis, Cida Bento, Addias Nascimento, Kabengele Munaga, irmã de Sueli Carneiro e Djamila Ribeiro…foi assim que iniciei minha apresentação…nas manhãs frias do mês de junho do corrente ano, no colégio Santa Amália/Saúde para adolescentes da Educação Básica (Ensino Fundamental II e Médio), para um Encontro, onde o tema central foi Racismo.

Um tema contemporâneo, caro, porém, que provoca muitos “Estranhamentos”. Estranhamentos, que podem levar a conflitos, discriminações e ao mesmo tempo a Construção de Diálogos fortes e fundamentados. Posso aqui registrar que esses adolescentes têm na sua Formação, Diálogos Fortes e muito bem fundamentados na Lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade do Ensino de História da África e da Cultura Afro-brasileira.

Tive a oportunidade de falar “ nós” porque o tempo sempre nos deixou atrás das cortinas, camuflando –nos geralmente em serviços domésticos (RIBEIRO). Como Mulher, Mulher Negra, Mulher Professora falei das minhas experiências, do meu cotidiano, dos meus desafios e das conquistas. Os adolescentes apresentaram diversos pontos fortes como: respeitar a diversidade, seja ela na cor da pele, cabelo, corpo, moradia, poder financeiro, profissão, religião na etnia, na cultura. Pontos que podem dialogar com as palavras de Sodré, ” A diversidade étnico-cultural nos mostra que os
sujeitos sociais, sendo históricos, são também culturais e que a diversidade deve ser respeitada”.

Racismo, uma palavra que deve ser estudada a todo momento na Escola, pois é com a Educação que iremos combater as atitudes Racistas. Segundo Munanga, ” a Escola tem um papel fundamental, tem que trabalhar o Racismo sim, pois na Escola o racismo, a discriminação aparece mais forte. Ele convida a Sociedade a rever seus valores para construir um pais mais justo e rico”.

Preconceito, uma opinião que se faz antecipadamente de uma pessoa ou grupos de forma negativa. Essa atitude já ocorreu em sala de aula, por conta da cor da pele e cabelo de uma colega negra. Na ocasião houve a intervenção da Professora. Diante da atitude da Professora verifica-se que está atenta ao tema, que o tema está em pauta e precisa ser trabalhado para evitar violência,
pois a história dos Negros foi marcada por Escravidão. Segundo RIBEIRO “compreender que diferença não é sinônimo de desigualdade. Enquanto nós mulheres negras, seguimos sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo”.

O mesmo acontece com outros problemas sociais, precisam, urgentemente, ser questionados, como a violência contra a mulher, contra crianças, homofobia, marginalização indígenas, imigrantes e refugiados e outros grupos. Diante dos pontos apontados pelos adolescentes, é possível verificar que fazem parte de um grupo que busca manifestar, acreditam que estas são fundamentais para pautar na vida social a discussão racial, que deve ser permanente e resistente. Tendo como meta ser antirracista e se comportar como cidadão que respeita o pacto social estabelecido em lei e presente nas relações sociais cotidianas. É importante organizar palestras, debates, fomentar discussões, reflexões sobre o Racismo, uma temática importante para garantir os Direitos Humanos, para construir de fato uma sociedade igualitária, mas que respeita as diversidades, com práticas e comportamentos antirracistas onde os bônus e ônus, sejam compartilhados com todas e todos. Assim teremos empatia e uma Educação antirracista. É preciso ter uma Educação pautada em Diálogos e a “Reafricanização” do currículo (FREIRE).

Texto por: Edina dos Santos Rosa, Mestra em Educação.

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