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A força vulnerável

A força vulnerável

A crise instaurada pela pandemia produziu nas escolas um cenário de muitas mudanças. A suspensão das aulas presenciais trouxe imensos desafios para a educação básica brasileira, procurando atender às diferentes dimensões que compõem o processo educacional.

Professores, gestores e pais têm trabalhado muito para manter o aprendizado vivo; no entanto, é bem provável que esses esforços não sejam suficientes para fornecer a qualidade da educação oferecida na sala de aula, devido as paralisações prolongadas como as impostas pela pandemia.

O contexto da desigualdade social é muito preocupante. Se as disparidades de desempenho entre estudantes brancos e negros já era enorme, imagine em relação à diferença de renda estrutural.  As paralisações escolares aumentarão as lacunas já existentes e poderão levar a um grande número de estudantes a desistir do ensino formal, acentuando ainda mais o desequilíbrio. Os danos em razão, desse fato, ainda são de difíceis cálculos, mas com certeza significativos, já que os alunos com melhores condições financeiras continuarão recebendo aulas on-line e os estudantes em situação crítica terão, em grande parte, suas aulas suspensas, o que aumentará as taxas de abandono do ensino médio nas regiões mais carentes.

Em tempos de aulas presenciais, há um engajamento, relacionamento com professores atenciosos e muitas vezes um espaço acolhedor para que crianças e adolescentes  vulneráveis permaneçam na escola. O aprendizado “perdido” durante o fechamento da escola varia de acordo com o acesso ao aprendizado remoto, a qualidade da instrução, o grau de envolvimento, tanto familiar quanto individual. A perda deste aprendizado será maior entre estudantes de baixa renda, menos propensos a ter acesso a um aprendizado remoto de alta qualidade ou a um ambiente propício, bem como uma internet de alta velocidade e supervisão dos pais.

O “olhar  amoroso” nesse novo contexto no que diz respeito ao aluno é de suma importância em relação à afetividade, tanto de professores, quanto da família visando, dessa forma, o bem estar e a manutenção de um ambiente propício ao desenvolvimento integral.

Texto por: Maria Zélia Dias Miceli. Gestora Colégios Santa Amália-Gerente Executiva/Educação -Liga Solidária

* Este artigo faz parte de uma coluna do Colégio Santa Amália no blog do jornal Estadão. Se você é assinante, clique aqui e confira este e outros artigos na integra.

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